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TCU vê transformação digital do governo como reforma de fachada de prédio com problemas estruturais

27 de novembro de 2020

Foi como qualificou o ministro e relator do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, sobre os resultados do acompanhamento que o TCU realizou – através da Secretaria de Fiscalização de TI (Sefti) – em alguns órgãos federais em 2019 e início deste ano. O acompanhamento coloca em xeque o discurso da Secretária de Desburocratização, Gestão e Governo Digital a Transformação Digital tem trazido benefícios diretos ao cidadão.

Os resultados foram apresentados ontem (25) pelo ministro Cedraz na sessão plenária do TCU. Que gerou um novo Acórdão prevendo mais uma fiscalização, para verificar se ao longo de 2021 serão corrigidos os erros encontrados no acompanhamento de 2019/2020.

Alguns avanços no processo de digitalização ocorreram entre 2019 e 2020, mas de forma interna do governo. Eles não são suficientes para afirmar categoricamente, como vendo sendo feito pelo governo, de que tais benefícios da transformação digital chegaram na ponta, ao cidadão. Em determinados casos relatados teve uma melhora na questão, por exemplo, do peticionamento eletrônico do cidadão junto ao governo. Mas para o mesmo receber o serviço solicitado, ainda é obrigado a ir ao balcão de repartição ou suportar filas. Agora com uma novidade: as filas virtuais em aplicativos.

O ministro Aroldo Cedraz citou como exemplo clássico as filas no INSS e na validação dos benefícios emergenciais, que embora possam ser solicitados por meio de aplicativos em celulares, o cidadão ao final acaba nas filas na hora da concessão dos benefícios.

Por questões como essa, o ministro Cedraz criticou a transformação digital do governo afirmando que o processo, se não houver correção de rumo e um planejamento estratégico mais consistente agora, o Brasil corre o risco de estar criando uma “burocracia 100% digital”.

A estratégia de Governo Digital ainda é vaga, segundo Cedraz, pois há problemas como falta de interoperabilidade entre os diversos sistemas, recursos orçamentários escassos para a implementação das próximas etapas, falta de mão de obra qualificada e claros sinais de dependência tecnológica de algumas ferramentas de empresas multinacionais, sobretudo as que operam no ambiente em nuvem. Assistam a sessão:

FONTE: CAPITAL DIGITAL
FOTO: REPRODUÇÃO

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