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O que sabemos sobre a variante Delta? | Coluna

9 de julho de 2021

A variante Delta é mais contagiosa, mas as vacinas e demais medidas de prevenção já conhecidas, como uso de máscara e distanciamento físico, são eficazes para evitá-la.

*Colunista convidado: Anderson F. Brito

A variante Delta (B.1.617.2, primeiramente identificada na Índia) ainda levanta muitas questões sobre sua capacidade de transmissão, a gravidade da doença que causa e seu impacto sobre vacinas e no controle da pandemia. Aqui explico um pouco sobre o que sabemos sobre a variante Delta do coronavírus causador da covid-19.

O QUE É UMA VARIANTE?

No fim de 2019 existia um coronavírus Sars-CoV-2 ancestral. Os coronavírus acumulam de 2 a 3 mutações por mês, que só ocorrem quando eles infectam seus hospedeiros. Qualquer vírus com variações genéticas em relação àqueles ancestrais é uma variante genética (saiba mais nesta matéria do Portal). No entanto, algumas poucas variantes apresentam comportamento biológico diferenciado e exigem mais atenção quando a vigilância genômica, para detectá-las. São as variantes de preocupação, hoje nomeadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) utilizando o alfabeto grego: variante Alpha (B.1.1.7, primeiro identificada no Reino Unido); Beta (B.1.351, África do Sul); Gamma (P.1, Brasil) e mais recentemente, Delta (B.1.617.2, detectada originalmente na Índia). Outras variantes de interesse são listadas nesta página da OMS (em espanhol).

A VARIANTE DELTA É MAIS TRANSMISSÍVEL? ELA TEM MUTAÇÕES ESPECÍFICAS?

Sim. Dados epidemiológicos e moleculares apontam que a Delta tem vantagens competitivas, sendo 40%-60% mais transmissível do que a variante Alpha. A Delta já é a variante dominante no Reino Unido e nos EUA. A espícula viral (proteína Spike) da variante Delta possui mudanças de aminoácido específicas, como:

  • P681R: que favorece a fusão viral com células e reduz ação de anticorpos neutralizantes;
  • L452R: que pode facilitar a entrada do vírus nas células.

A VARIANTE DELTA CAUSA DOENÇA MAIS GRAVE?

Ainda não está claro, mas ela tem afetado pessoas mais jovens com mais frequência que a variante Alpha, e um estudo escocês apontou que o risco de hospitalização pela Delta é cerca de 2 vezes maior. Mas sobre a gravidade de doenças infecciosas, é importante lembrar que ela não depende só do vírus. A resposta (ou falta de resposta) do nosso organismo frente a uma infecção tem papel importante. Aqui entram a influência das comorbidades, por exemplo. Igualmente, fatores ambientais, como falta de acesso a atendimento médico, maior exposição ao vírus no dia a dia, entre outros aspectos também influenciam a mortalidade.

A VARIANTE DELTA AFETA O FUNCIONAMENTO DE VACINAS?

Impactos maiores na ação das vacinas, em geral, são causados pelo efeito cumulativo de mutações, acumuladas ao longo de meses, e não de uma mutação genética isolada. Um estudo recente apontou modesta diferença na efetividade (eficácia na vida real) dos imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer frente à Delta. É importante lembrar, no entanto, que a imunidade biológica é complexa, e não é como imunidade parlamentar, ou a imunidade no programa de televisão BBB (“colar do anjo”). Nenhuma vacina é infalível, e nossa imunidade também não é. Porém,  as vacinas disponíveis no momento oferecem boa proteção contra casos graves. E tal proteção dependerá da capacidade do seu organismo responder aos imunizantes. Então, a vacina, sozinha não faz todo o trabalho: seu organismo precisa ser capaz de reagir ao estímulo do imunizante.

ATÉ QUANDO VEREMOS NOVAS VARIANTES?

Enquanto o vírus seguir nos infectando, mais mutações ocorrerão, e mais variantes surgirão. À medida que aceleramos a vacinação, temos que continuar monitorando o surgimento e circulação de variantes em nosso país. (Veja mais sobre o assunto neste vídeo.)

COM A CHEGADA DA DELTA AO BRASIL, O QUE PODEMOS ESPERAR?

É difícil prever se a Delta irá superar a variante Gamma (P.1), como fez com a Alpha em outros países. Mas isso também dependerá de nós: vacinação e medidas protetivas controlam qualquer variante.

COMO ME PROTEJO DAS VARIANTES DO CORONAVÍRUS?

Quando puder, vacine-se;
Use máscara, em especial as PFF2;
Evite pessoas: o vírus está onde as pessoas estão;
Evite locais fechados, lotados e mal ventilados.

Por fim, neste vídeo  falo mais sobre os pontos expostos acima, e dou mais detalhes relativos à variante Delta.

*As informações e opiniões dadas nesta coluna são de responsabilidade do autor 

Fonte: Portal Dr. Drauzio Varella
Foto: Reprodução

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