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As rede sociais afetam o seu cérebro; entenda como

21 de janeiro de 2025

O uso de mídias sociais pode resultar em mudanças duradouras no cérebro Créditos: AzamKamolov/Pixabay

Estudo aponta que uso intensivo destas mídias pode provocar mudanças duradouras na estrutura cerebral

Diversas pesquisas já apontaram que a utilização das redes sociais estimula a produção de dopamina, neurotransmissor responsável por sentimentos de recompensa e realização. É ela a responsável por criar uma sensação de prazer que faz com que as pessoas retornem às plataformas para buscar ter mais uma vez a mesma sensação. Porém, estudos em andamento apontam que a dependência dessas “novas doses” pode levar a mudanças duradouras no cérebro.

Uma equipe de pesquisadores da London Southbank University está investigando quais regiões e conexões cerebrais mudam devido ao maior engajamento nas mídias sociais.

“Usar mídias sociais ativa as mesmas partes do seu cérebro que outros vícios, como drogas, álcool e jogos de azar. Cientistas descobriram que toda vez que você recebe uma notificação, um ‘curtir’ ou até mesmo assiste a um vídeo que você gosta, o sistema de recompensa do seu cérebro (o nucleus accumbens) é ativado. Este é o mesmo sistema que faz as pessoas sentirem prazer quando ganham dinheiro ou comem seu lanche favorito”, explica a professora em Neurociências e Neurorreabilitação da universidade londrina, Laura Elin Pigott, no The Conversation.

Cérebro ‘podado’
Um dos fatores que faz com que as redes sociais sejam tão viciantes é que o cérebro começa a “podar” neurônios. Como explica a professora, é como cortar galhos extras em uma árvore para tornar o “caminho de recompensa” mais rápido.

“Isso parece eficiente, mas não é ótimo. O caminho mais curto significa que seu cérebro pode ‘sentir’ recompensas mais rápido, mas sabemos por pesquisas que isso também pode torná-lo mais impulsivo e menos capaz de parar de rolar a tela. Com o tempo, essa poda pode diminuir o tamanho de certas áreas do cérebro, como a amígdala e o núcleo accumbens, que são essenciais para controlar as emoções e tomar decisões”, diz Pigott.

A amígdala possui funções variadas, e a principal, segundo pesquisadores, é relacionada às emoções de medo e fuga, além de processamento de informações olfatórias e controle do comportamento sexual. Já o núcleo accumbens tem funções emocionais, motivacionais e psicomotoras.

Efeitos na saúde mental
Diversos estudos mostram que usuários que passam muito tempo nas redes sociais têm mais probabilidade de se sentirem estressados, ansiosos ou até mesmo deprimidos, já que estas mídias são projetadas para fazer a pessoa buscar validação de outras.

“A mídia social é projetada para mantê-lo fisgado, assim como jogar ou beber. Cada notificação, curtida e comentário ativa dopamina, tornando mais difícil parar”, detalha Pigott, ressaltando que as pessoas são estimuladas a escolherem a recompensa imediata (rolagem de postagens) em vez de algo importante, como estudar, dormir ou até mesmo sair com amigos na vida real.

O próximo passo na pesquisa é aprofundar os estudos sobre como as mídias sociais interrompem a “rede de modo padrão” (DMN, Default Mode Network) que reflete o estado do cérebro durante o repouso, em um ambiente livre de tarefas. “Usando EEG (um método que rastreia a atividade cerebral), minha equipe e eu estamos examinando se o uso pesado de mídia social interfere nessa rede”, diz a professora.

“Por que isso importa? O DMN desempenha um grande papel em como processamos nosso senso de identidade, tomamos decisões e até mesmo regulamos nossas emoções. Se for interrompido, pode explicar por que alguns usuários de mídia social lutam com atenção, controle emocional e manutenção de hábitos mentais saudáveis”, pontua.

FONTE: REVISTA FÓRUM

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