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Big techs expandem centros de dados em zonas de escassez hídrica, revela jornal

14 de abril de 2025

Créditos: Pixabay

Ao todo, três empresas operam ou planejam 62 data centers localizados em regiões que sofrem com a falta de água, segundo a apuração

Amazon, Microsoft e Google estão expandindo sua infraestrutura digital em áreas com escassez hídrica, revelam investigações do jornal britânico The Guardian e da organização SourceMaterial. Os data centers, essenciais para serviços em nuvem e o desenvolvimento de inteligência artificial, demandam grandes volumes de água para resfriamento — e sua proliferação preocupa comunidades já afetadas pela seca.

Ao todo, as três empresas operam ou planejam 632 centros de dados no mundo, sendo 62 localizados em regiões com estresse hídrico, segundo a apuração. A Amazon lidera a expansão, com novos empreendimentos previstos em locais como o norte da Espanha, onde apenas três novos centros terão licença para consumir anualmente o equivalente à irrigação de 233 hectares de milho. Especialistas alertam que o impacto real pode ser ainda maior, ao se considerar a água usada na geração da eletricidade que abastece esses complexos.

No estado do Arizona, nos Estados Unidos, a seca já levou à suspensão de licenças de construção residencial, mas não freou os planos de gigantes como Google e Meta, que seguem instalando centros de dados na região. Em resposta, o Google afirma priorizar tecnologias de resfriamento mais sustentáveis, como sistemas a ar, e garante que o consumo não atingirá o limite licenciado.

Risco de desertificação

O debate se intensifica em comunidades locais. Moradores e ambientalistas, como o grupo espanhol “Tu Nube Seca Mi Río”, exigem moratória sobre novos empreendimentos. “Eles consomem água que deveria irrigar nossas plantações”, protesta um agricultor de Aragão. Com 75% do território espanhol sob risco de desertificação, há quem veja a expansão como ameaça ao equilíbrio ecológico.

As empresas alegam que compensam parte do uso hídrico por meio de projetos comunitários e iniciativas de reabastecimento. A Amazon, por exemplo, promete atingir a meta de “água positiva” até 2030. No entanto, ex-funcionários e especialistas criticam a lógica da compensação hídrica, argumentando que, ao contrário do carbono, a água tem impacto local e não pode ser substituída à distância.

A promessa de Donald Trump de apoiar um megapolo de IA nos EUA, o “Projeto Stargate”, reacende a disputa por infraestrutura digital — mas ainda sem respostas conclusivas sobre o custo hídrico desses empreendimentos.

FONTE: REVISTA FÓRUM

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