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Cientistas descobrem que a Lua está encolhendo com o passar do tempo

9 de fevereiro de 2024

Assim como a Terra, a Lua sofre abalos sísmicos. Créditos: Brett Sayles/Pexels

Publicada em janeiro deste ano, pesquisa científica mostra contração gradual do satélite natural; entenda como isso pode afetar a Terra

Lua, nosso principal satélite natural, está vivenciando uma situação que vem causando preocupação entre os cientistas ao redor do mundo: ao longo do tempo, seu tamanho está sendo reduzido, apesar de estar localizada a cerca de 386 mil quilômetros do planeta Terra.

“Isso não é para alarmar ninguém e certamente não para desencorajar missões daquela parte do pólo sul da Lua, mas para alertar que não é um lugar benigno onde nada acontece”, afirma o geólogo lunar Thomas R. Watters, que também é o autor da análise que identificou o fenômeno. Com base em um estudo financiado pela NASA e utilizando imagens adquiridas pela Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), os cientistas concluíram que a Lua está encolhendo

De acordo com Watters, há milhares de anos atrás, o núcleo externo derretido começou a esfriar, levando a uma contração gradual da massa da Lua, semelhante ao encolhimento de uma passa ao longo do tempo. À medida que o volume interior se altera, a casca lunar se ajusta a essas mudanças, resultando em fissuras na superfície e um processo natural de contração conforme também se resfria. 

Nesse processo de encolhimento, o especialista explica que à medida que o núcleo da Lua se contrai, sua superfície desenvolve rugas (semelhantes às de uma uva que enrugou até se tornar uma passa), criando “tremores lunares” que podem durar horas, além de deslizamentos de terra. “Um conceito que acho que muitas pessoas têm é que a Lua é um corpo geologicamente morto, que nunca muda. Mas a Lua é um corpo sismicamente ativo. Existe um núcleo externo que está derretido e esfriando. Ao fazer isso, a Lua encolhe. O volume interior muda e o córtex tem que se adaptar a essa mudança. É uma contração global, para a qual também contribuem as forças das marés na Terra”, disse o pesquisador.

Veja abaixo, o vídeo que mostra as transformações do satélite natural, captadas pelo LRO:

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Terremotos lunares

Assim como o restante da superfície do satélite natural, a região do polo sul, que desperta tanto interesse, é suscetível a esses fenômenos sísmicos. Os cientistas vem chamando as fissuras no satélite de falhas. “Elas são muito recentes. O facto de permanecerem na superfície, em vez de serem erodidos até à inexistência, significa que devem ser jovens e provavelmente activos. “Nós até detectamos deslizamentos de terra que ocorreram durante o tempo de varredura da sonda LRO ao redor da Lua.”

Lançado em 2009, o Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA está mapeando a superfície da Lua através de diversos instrumentos. No recente estudo, publicado em 25 de janeiro no The Planetary Science Journal, Watters e seus colegas utilizaram dados coletados pela LRO para correlacionar um poderoso terremoto lunar (detectado por instrumentos deixados pelos astronautas da Apollo há mais de 50 anos) com uma série de falhas na superfície lunar, localizadas no Polo Sul.

Pouso na Lua

Ao longo dos últimos milhões de anos, a Lua encolheu aproximadamente 45 metros (150 pés) em circunferência, uma mudança significativa em termos geológicos, mas muito pequena para causar qualquer efeito perceptível nas marés terrestres ou nos ciclos de marés, afirmam os pesquisadores. No entanto, na superfície lunar, a história é diferente. Apesar da sua aparência, a Lua ainda mantém um interior quente, tornando-a sismicamente ativa.

As pesquisas sobre terremotos lunares remontam à era Apollo. Há mais de 50 anos, os astronautas instalaram sismógrafos no lado mais próximo da superfície lunar para registrar tremores. O terremoto mais potente ocorreu nas proximidades do Polo Sul, próximo aos locais de pouso planejados para a missão Artemis III da NASA, que tem como objetivo enviar pessoas de volta à Lua, potencialmente entre 2025 e 2027.
“Sabíamos que o maior dos terremotos lunares rasos detectados pelos sismógrafos Apollo estava localizado perto do pólo sul. Tornou-se uma espécie de história de detetive tentar descobrir qual era a fonte”, diz Watters. Outro pesquisador, e também professor emérito de geofísica da Universidade do Texas em Austin, Yosio Nakamura lembra que as missões na Lua podem ser um risco com os terremotos lunares. “Ainda não sabemos o que causa os terremotos superficiais, mas não é a falha deslizante perto da superfície. Independentemente das causas destes sismos, é verdade que representam uma ameaça potencial para futuras missões de pouso e precisamos de mais dados sobre eles”, ressalta.

*Com informações de Infobae

Fonte: Revista Fórum

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