Destaques

A inteligência artificial é perigosa?

23 de junho de 2023

Foto: Reprodução

Com exemplos de uso da I.A. em benefício da sociedade, o especialista do Serpro, Carlos Rodrigo Lima, afastou fantasmas sobre a aplicação da tecnologia em palestra no Innova Summit

Quem tem medo da inteligência artificial? Desde filmes como Blade Runner, Exterminador do Futuro, Ex_Machina, Matrix e outros, até declarações de autores como Yuval Harari e do ex-CEO da Google, Eric Schmidt, há diversos alertas a respeito dos perigos dessa tecnologia para a vida das pessoas. No entanto, ainda que debates sobre regulação, privacidade dos dados e direitos autorais sejam necessários e relevantes, não se deve cair em teses alarmistas, “é preciso ter calma”, defende o gestor do Centro de excelência em Análise de Dados e Inteligência Artificial do Serpro, Carlos Rodrigo Lima, em sua palestra sobre o papel da I.A. na modernização do Estado no Innova Summit 2023.

“O uso da inteligência artificial é um processo irreversível. Ela atende melhor ao cidadão e gera economia para o Estado, sendo possível alcançar mais realizações, com mais qualidade e em menos tempo, oferecendo serviços públicos eficientes e seguros”, descreve Carlos Lima. Na sua palestra realizada na tarde da quarta-feira, 21 de junho, o especialista do Serpro trouxe exemplos do impacto da I.A. nos serviços públicos e apresentou a plataforma de biometria da empresa.

“Estamos tendo a oportunidade de viver uma revolução acontecendo”, declarou Carlos Rodrigo no início da apresentação. “Tivemos um período muito grave de pandemia. O governo teve que criar uma forma de saber realmente quem eram os usuários dos serviços, assim, tivemos que criar ativos biométricos de forma muito rápida para validar a identidade dos cidadãos, garantido a oferta de serviços a distância, prevenindo fraudes”, afirmou o gestor.

Ecossistema biométrico do Serpro

O resultado do esforço governamental, liderado pelo Serpro, foi a criação do AIBIO: o ecossistema biométrico da empresa que oferece 14 serviços, incluindo prova de vida e validação, conferência e confirmação de identidade, apoiados numa base de dados formada por 220 milhões de imagens de faces e 2 bilhões de impressões digitais, dentre outras informações. “Seguramente, essa é uma das maiores plataformas biométricas do mundo, é do governo do Brasil, é nossa, de todos nós”, celebrou Carlos.

A plataforma do Serpro realiza diversas validações de face, de impressões digitais, voz, documentos e dados biográficos. Por exemplo, ao submeter a foto de uma Carteira Nacional de Habilitação, a tecnologia é capaz de atestar a veracidade e confirmar as informações que nela constam. A prova de vida ocorre sem precisar que o usuário faça movimentos e ainda assim é capaz de identificar tentativas de fraudes, como uso de fotos, vídeos e deep fake.

Identificação pela face

O reconhecimento facial “um para um” funciona por meio da verificação, quando a foto enviada pelo usuário a ter a identidade confirmada é comparada com a foto no banco de dados governamental. A solução da empresa, que tem uma precisão ou acurácia (do inglês: accuracy) de 99,9%, informa se aquela pessoa é quem ela diz ser. O outro tipo é a “um para N”, na qual, mesmo sem o indivíduo se identificar, a imagem da sua face é enviada ao banco de dados que, após a varredura, aponta quem é aquela pessoa. “Uma solução que já temos nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont, nos quais você só precisa do seu rosto para embarcar e viajar”, acrescenta o gestor do Centro de Excelência em IA do Serpro.

Impressão digital

A empresa também está lançando um novo serviço de biometria de digitais. Uma das limitações desse tipo de aplicação era, até então, a necessidade de ter um leitor biométrico, como encontrado em caixas eletrônicos, acessos a edifícios empresariais, academias e outros. “Para resolver isso, o Serpro criou o capturador de digitais pelo celular, um aparelho que todo mundo tem, para coletar a digital, converter num formato comparável com a base de dados e realizar a comparação”, comenta Carlos Rodrigo. “Assim como no reconhecimento digital e na prova de vida, a tecnologia é capaz de barrar o uso de fotos, vídeos, dedos de silicone e outras tentativas de fraude”, complementa.

Recomendação de serviços

Outro uso de A.I. no governo federal apresentado pelo gestor do Serpro foi a recomendação de serviços, como encontrada na plataforma Gov.Br. “A gente lida o tempo todo com isso, serviços de streaming que indicam filmes, séries e músicas de forma customizada para você. E o governo também tem isso”, diz Carlos. “A partir das suas buscas no portal, o Gov.Br vai, com uso de inteligência artificial que detecta o seu padrão, indicar serviços para você. Os números impressionam, são 650 mil recomendações por dia”.

Modelagem preditiva

O palestrante do Serpro abordou diferentes casos de serviços oferecidos pela empresa. Uma delas é a detecção de anomalias nas transações de usuários em serviços de governo. A inteligência artificial vai atuar em situações na qual há comportamento atípico, como um grande e incomum volume de consultas a certas informações, dentre outras.

Um segundo exemplo foi a de um serviço também em uso por clientes do Serpro, que é aplicação da I.A. para indicação de deferimento ou indeferimento de um recurso de um cidadão feito para o governo. “O que ela faz é, a partir da base de todos os recursos existentes relacionada àquele sistema, em cima do padrão de resultados existentes, a tecnologia aponta a quem julga o que é mais indicado. Lembrando que a decisão não é da máquina, mas da pessoa responsável”, informa o gestor da empresa.

Mais economia e melhores resultados

A inteligência artificial também já pode ser usada para otimizar o serviço do setor público, gerando economia de recursos e reduzindo o tempo de resolução. A tecnologia é capaz de indicar que os funcionários receberão a quantidade de trabalho ideal ao tempo alocado, com priorização de assuntos, agrupando processos semelhantes e evitando retrabalho.

“Se eu tenho uma pilha de processos a serem julgados, como eu posso agrupar e priorizar, de modo que eu consiga dar vazão a processos que estão expirando ou casos urgentes, como de pessoas com doenças graves?”, pergunta Carlos Lima. No projeto criado pelo Serpro, comenta o gestor, “a tecnologia vai me auxiliar a identificar o que cada pessoa é capaz de atender, agrupar processos similares e, por fim, priorizar”, finalizou o especialista.

Fonte: Serpro

Cadastre-se e receba e-mail com notícias do SINDPD