CUT debate Inteligência Artificial em evento com especialistas
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O que muda no mundo do trabalho com a nova tecnologia e os perigos que ela pode gerar sem regulamentação são eixos dos debates que trazem especialistas no tema
A Inteligência Artificial (IA) vem transformando profundamente o mundo do trabalho, alterando processos produtivos, redefinindo ocupações e levantando questões fundamentais sobre direitos e condições laborais. Para os trabalhadores e trabalhadoras, os avanços tecnológicos não se resumem a ganhos de eficiência; eles trazem também desafios relacionados à proteção do emprego e de direitos, à apropriação da tecnologia e à divisão dos lucros em um cenário de rápidas mudanças.
Outro ponto sensível nessa discussão é como a IA é usada no ambiente laboral, muitas vezes reforçando desigualdades e invadindo a privacidade dos trabalhadores. Dados coletados sem transparência podem ser utilizados contra os próprios empregados, um bom exemplo é o monitoramento do tempo de uso de banheiros por trabalhadoras.
O futuro do trabalho depende de como essa tecnologia será integrada ao cotidiano laboral. Uma integração que deve priorizar o respeito aos direitos dos trabalhadores e buscar soluções que reduzam desigualdades, garantindo que os avanços tecnológicos promovam maior qualidade de vida e justiça social.
Sabemos que a IA, por natureza, não é boa nem ruim. Mas sabemos também que o impacto dela depende de como é usada e por quem é controlada. São situações que evidenciam a necessidade de se debater o papel dessa tecnologia no mundo do trabalho.
Por isso, a CUT, por meio de suas secretarias de Formação, Geral, Relações Internacionais e a Secretaria da Comunicação, SECOM, está promovendo o Ciclo de Debates: Inteligência Artificial – Impactos e Desafios para o Mundo do Trabalho e para a Organização Sindical. O evento já foi realizado virtualmente nos dias 31 de outubro, 7, 14 e 21 de novembro e, ainda, terá importantes debates nos dias 28 de novembro e 5 de dezembro, sempre das 19h às 21h.
O Portal da CUT ouviu a secretária de Formação, Rosane Bertotti, sobre os objetivos e a importância desse ciclo de debate.
Portal CUT: Qual é a intenção do ciclo de debates: Inteligência Artificial – Impactos e Desafios para o Mundo do Trabalho e para a Organização Sindical?
Rosane Bertotti: Ele tem um objetivo bem claro: ajudar a gente a refletir sobre como usar a inteligência artificial a favor da organização sindical. É uma conversa que busca formas de nos fortalecer, de nos ajudar a avançar na maneira como nos organizamos e enfrentamos os desafios do trabalho hoje. A ideia por trás do ciclo é, primeiro, ajudar você a entender os impactos da inteligência artificial no mundo do trabalho de forma geral. A partir daí, vamos pensar juntos: como isso mexe no nosso dia a dia, na rotina de trabalho e na organização sindical.
Como a inteligência artificial pode mudar o mundo do trabalho e como o movimento sindical pode atuar nessa questão?
A inteligência artificial vai acabar substituindo muitos postos de trabalho. Isso é algo que a gente precisa encarar. Mas também é importante lembrar que a inteligência artificial só funciona bem quando está integrada ao trabalho humano, e que existem áreas onde ela não vai substituir as pessoas, como na economia do cuidado, por exemplo. Ao mesmo tempo, a inteligência artificial também vai criar novos empregos, novas profissões e novos processos. Por isso, a gente precisa entender duas coisas: primeiro, quais postos de trabalho estão em risco de desaparecer; e, segundo, quais novas oportunidades vão surgir.
Como fica o trabalhador e a trabalhadora diante dessa questão?
É fundamental que os trabalhadores se preparem para essas mudanças, se qualificando para ocupar esses novos postos. E nós, como movimento sindical, temos que nos organizar para representar esses trabalhadores e garantir que eles tenham voz e proteção nesse novo cenário.
Existem experiências sobre o tema?
Alguns países já começaram a trabalhar na regulamentação da inteligência artificial, e aqui no Brasil também existe um projeto nesse sentido.
Quais são os princípios que estão sendo considerados nesse debate?
A não discriminação é um ponto central. É fundamental, também, garantir que os algoritmos não sejam usados de forma preconceituosa ou para reforçar desigualdades. Outro ponto importante é a transparência. O trabalhador tem o direito de saber quais dados seus estão sendo coletados e como eles estão sendo usados.
Quais são os eventos que ainda estão para acontecer?
No dia 28/11, teremos o Miguel Nicolelis, um neurocientista de renome, que vai compartilhar seu conhecimento sobre inteligência artificial. Ele vai explicar como a IA não cria conhecimento, mas sim organiza dados, e como isso afeta nossas vidas, o trabalho, o desenvolvimento e a produção.
No dia 5 de dezembro, teremos uma oficina com o André Luan Nunes Macedo, um dos nossos companheiros que já atuou na nossa rede de formação e hoje é professor na Universidade de Minas Gerais. Ele vai usar dados e estratégias práticas para nos ensinar como aplicar a inteligência artificial nas negociações coletivas. Essa oficina vai ser fundamental para pensarmos em ações concretas que podemos adotar.
No que vai resultar desse ciclo de debates?
Um caderno de subsídios, que trará elementos importantes para continuarmos o debate e o estudo sobre o tema. Para encerrar, gostaria de agradecer a todos pela participação e convidar mais pessoas a se envolverem nesse debate. Esse ciclo não é o fim do processo, mas um começo. Precisamos continuar estudando e discutindo essas questões.
FONTE: CUT