Bilionários do Vale do Silício querem viver para sempre; entenda como
Teste de laboratório – imagem ilustrativa. Créditos: Pixabay
Uma nova startup de biotecnologia quer se aproximar da ‘vida eterna’ com o financiamento de Jeff Bezos
“Conheça a Altos Labs, a mais nova aposta do Vale do Silício para a vida eterna”, diz um artigo publicado no MIT Technology Review, a revista do Instituto de Tecnologia do Vale do Silício.
Financiada por bilionários do setor de tecnologia, como Jeff Bezos, fundador da Amazon, e Yuri Milner, fundador da empresa de investimentos Digital Sky Technologies, a startup de “biorreprogramação” tem recrutado, ao longo dos últimos três anos, especialistas de ponta para encontrar soluções biológicas baseadas em tecnologia celular a fim de “retardar o envelhecimento” e, como almejam seus criadores, eventualmente até produzir a fórmula da “vida eterna”.
No portal oficial da Altos Labs, a missão da empresa é descrita assim: “restaurar a saúde e a resiliência celular através de rejuvenescimento das células para reverter doenças, danos e deficiências que podem ocorrer ao longo da vida”.
A intenção é clara: que a biotecnologia seja capaz de tornar os organismos mais jovens, até o ponto de fazê-los imortais. É um objetivo ousado, e mais ousado ainda é o financiamento por trás dele: além dos salários pagos aos seus especialistas principais, que podem chegar a um milhão de dólares por ano, de acordo com o artigo do MIT, são oferecidos prêmios de até US$ 3 milhões para físicos, biólogos e matemáticos de destaque que avancem as pesquisas da organização.
A Altos se baseia na reprogramação biológica, uma maneira de “rejuvenescer células em laboratórios”, que são capazes de prolongar a vida humana. É a única coisa que o dinheiro ainda não pode comprar: a imortalidade.
É por isso que entusiastas do Vale do Silício, muitos deles obcecados com a doutrina “pró-natalista” já identificada entre personalidades como Elon Musk, têm se lançado ao investimento em tecnologias de “biomelhoria”.
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De acordo com um artigo publicado na revista Nature, intitulado “Rejuvenescimento por reprogramação controlada é a última aposta anti envelhecimento”, foi a descoberta dos “fatores de Yamanaka”, um conjunto de quatro proteínas (Oct3/4, Sox2, Klf4 e c-Myc) cujas propriedades foram estudadas pelo pesquisador japonês Shinya Yamanaka em 2006, aquilo que possibilitou o surgimento da “reprogramação celular”.
Quando introduzidos em células somáticas adultas, esses “fatores” são capazes de reativar genes de células embrionárias, revertendo as células ao seu estado “pluripotente”. Isso significa que elas podem se diferenciar como as células-tronco de embriões, mas sem a necessidade de embriões de fato. Essas proteínas costumam ser manipuladas e usadas no tratamento de doenças degenerativas, como o Parkinson e a diabetes.
A chamada reprogramação parcial, praticada pela Altos Labs, consiste em aplicar os fatores de Yamanaka às células a tempo para “reverter o envelhecimento celular” e “reparar tecidos”, sem que as células retornem à pluripotência.
Acredita-se que a reprogramação parcial possa reverter fenótipos relacionados ao envelhecimento em membros como os olhos, músculos e outros tecidos em células de mamíferos, contrariando aquelas “alterações epigenéticas associadas ao envelhecimento”, de acordo com o artigo.
Mas não é uma tecnologia sem riscos: a manipulação de fatores celulares pode aumentar, por exemplo, o risco de formação de tumores, já que está associado ao crescimento e à reprodução celular acelerados.
Além disso, é uma prática delicada, de alta precisão, que pode facilmente estimular a perda de características celulares essenciais e levar a resultados “indesejados”. A complexidade molecular faz com que essa teoria seja muito diversa da prática, com testes ainda inconclusivos em relação ao seu efeito em humanos e em estágios muito iniciais para provar sua eficácia na promoção da “vida eterna”.
FONTE: REVISTA FÓRUM