Assistente virtual tira dúvidas sobre Bolsa Família e outros programas sociais; saiba como
Créditos: Lyon Santos/MDS
‘Ju do Bolsa’ utiliza inteligência artificial (IA) para agilizar busca por informações e já atendeu mais de 45 mil pessoas
A Ju do Bolsa, assistente virtual lançada em outubro para auxiliar pessoas que acessam benefícios sociais do governo federal, como Bolsa Família, Auxílio Gás ou o Pé de Meia, já atendeu mais de 45 mil pessoas com dúvidas sobre os programas sociais.
Com apoio da inteligência artificial (IA), o projeto oferece atendimento personalizado sobre os programas e o Cadastro Único (CadÚnico), esclarecendo dúvidas e ajudando a combater fake news que dificultam o acesso a esses direitos. O serviço está disponível no site judobolsa.com.br, que direciona os usuários para o WhatsApp, Instagram ou Facebook.
O atendimento inicial é realizado pela assistente virtual, que utiliza o ChatGPT para formular respostas. As informações são extraídas de uma base de dados criada para o projeto, sem realizar buscas na internet, a fim de evitar o acesso a dados falsos. Quando a “Ju” não consegue resolver uma questão, as dúvidas são encaminhadas a uma equipe multidisciplinar de especialistas, composta por assistentes sociais, cientistas políticos e outros profissionais, que garantem o suporte adequado.
Mais de 45 mil pessoas foram atendidas através da plataforma, com uma média de 439 atendimentos por dia. As dúvidas mais frequentes incluem bloqueio ou cancelamento do benefício e checagens sobre elegibilidade.
Desafios do Bolsa Família em São Paulo
Dados levantados pelo projeto destacam como a relação entre o Bolsa Família e as prefeituras é um fator determinante para assegurar que as famílias continuem a receber o benefício, e como problemas locais de gestão podem gerar grandes obstáculos. No entanto, a precariedade do atendimento nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) têm dificultado a atualização de cadastros, gerando o bloqueio ou cancelamento do benefício para muitas famílias.
Em São Paulo, cerca de 403.267 famílias foram inseridas em processos de revisão cadastral ou averiguação em 2024, mas a taxa de atualização cadastral no município é de apenas 77,4%, abaixo da média nacional de 86,7%. Isso representa um grande número de famílias em risco de perderem o Bolsa Família, devido à falta de vagas e atendimento nos CRAS.
A situação é particularmente crítica em algumas regiões, como Itaquera, onde 53.564 famílias estão cadastradas e 11.639 precisam passar por averiguação, e São Miguel Paulista, com 71.267 famílias cadastradas e 15.710 em necessidade de revisão. A disparidade entre a demanda e a capacidade de atendimento é evidente, com São Paulo figurando como o terceiro pior estado do país em cobertura de CRAS, conforme levantamento da PUC-SP.
Além de garantir a atualização dos cadastros, as prefeituras também são responsáveis por assegurar o cumprimento das condicionalidades do Bolsa Família, como saúde e educação. Em São Paulo, apenas 60% das famílias cumprem as condicionalidades relacionadas à saúde, sendo que menos de 10% das crianças menores de sete anos têm o acompanhamento de saúde necessário. A falta de atendimento adequado faz com que muitas famílias sejam notificadas para procurar o serviço, criando uma sobrecarga no sistema municipal.
“O papel das prefeituras, portanto, é central na gestão do Bolsa Família. A melhoria no atendimento e a garantia de um sistema eficaz de atualização cadastral são passos essenciais para que o programa continue beneficiando milhões de brasileiros. A utilização eficiente dos recursos disponíveis, o fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e a ampliação do número de cadastradores são algumas das medidas que podem contribuir para solucionar esses problemas e assegurar que o Bolsa Família atinja seu pleno potencial”, afirma Paola Carvalho, assistente social e diretora da Rede Brasileira da Renda Básica, que participa do projeto.
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Fonte: Revista Fórum