Ciência e Tecnologia para a compreensão da seca na Amazônia, por Augusto Rocha
Marcelo Camargo – Agência Brasil
Sem ciência, não há tecnologia. Sem tecnologia não há inovação. A história é clara sobre a necessidade de integrarmos os esforços
por Augusto Cesar Barreto Rocha
Diversos cientistas têm estudado ao longo de muitos anos os fenômenos climáticos e hidrológicos do Amazonas e da Amazônia. Precisamos ampliar o espaço de divulgação e apoio para estas pessoas e as suas instituições, para que tenhamos uma melhor preparação para a seca que se avizinha. Os fenômenos extremos do Sul do país demonstram que as mudanças climáticas precisam de melhor compreensão e apenas a ciência poderá nos ajudar.
Temos um relatório amplamente divulgado que são os excelentes boletins do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas, que é o documento oficial do Serviço Geológico do Brasil, da Superintendência Regional de Manaus, como parte das atribuições da ANA – Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico. A Dra. Jussara Socorro Cury Maciel e outros pesquisadores têm demonstrado o movimento das águas, com uma frequência interessante e conteúdo de fácil entendimento. Quais recursos mais poderiam ser alocados para este grupo de trabalho fazer ainda mais?
A Universidade do Estado do Amazonas, por meio do Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre (Labclim), coordenado pelo Dr. Francis Wagner Silva Correia tem colocado um olhar prognóstico, com modelos matemáticos que podem chegar a três meses de antecedência, a partir de pesquisas sólidas. Seu relatório tem discutido o fenômeno que todos temos enfrentado nas “hidrovias” do Amazonas e as suas conexões globais com o fenômeno do El Niño. Nele há importantes prognósticos que podem servir de subsídios para planejamentos diversos. Quais recursos mais poderiam ser alocados para este grupo de trabalho fazer ainda mais?
A Universidade Federal do Amazonas, com o Dr. Naziano Pantoja Filizola Junior tem realizado e orientado importantes estudos na Geologia e Hidrologia da Bacia Amazônica, sendo reconhecido internacionalmente por suas pesquisas a respeito da hidrologia da Amazônia. Quais recursos mais poderiam ser alocados para este grupo de trabalho fazer ainda mais? Precisamos juntar (e juntaremos em um evento, em breve) estes profissionais para deliberar sobre como evitar os altos custos associados pela não compreensão da Amazônia. Há uma necessidade urgente de superarmos os mistérios e revelarmos o que está oculto para a sociedade de empreendedores regionais, nacionais e internacionais que ousam operar na Amazônia.
Sem ciência, não há tecnologia. Sem tecnologia não há inovação. A história é clara sobre a necessidade de integrarmos os esforços, juntando os diferentes, aproximando as instituições e dialogando com mais ciência para a construção de riqueza. Fora disto, precisaremos agir como selvagens. A sociedade organizada pode superar qualquer obstáculo e a presença de cientistas regionais liderando a pesquisa e o desenvolvimento de soluções para a Amazônia é fundamental. Estes grupos, em geral, tiveram redução de recursos ao longo dos últimos anos – precisamos inverter esta lógica, se quisermos gerar riqueza verdadeira com a Amazônia.
Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM.
Fonte: Jornal GGN